
Livros

O escritor Júlio Perez é autor dos livros Expresso Instante (2006), Fugaz Idade (2010), Agreste Avena (2017), de poemas e A Bolsa da Minha Mãe (2012), de contos, além de contar com participações em diversas publicações coletivas.

AGRESTE AVENA POEMAS
O homem habita a linguagem. Heidegger disse.
Habitar é fazer um lar, organizar e colocar significados, mas também abrir, na casa, portas e janelas para as sutilezas do mundo.
É isso que faz Júlio Perez neste livro, em que a linguagem, como logos, vem para organizar o "caos", as desarmonias humanas, urbanas e do tempo. Com sua "agreste avena", uma flauta simples dos pastores, o poeta veste de sentidos e cotidiano para que se transforme em melodia.
No artesanato da palavra, o poeta demasiado humano, na primeira parte, confessa suas imperfeições e incompreensões ("dizem que sou bruto e insensível").
Já na segunda, o homem-poeta projeta suas imperfeições no mundo em que habita, sobretudo numa cidade desumanizada em suas torres frias de pedra
("É muita polidez. O homem não nasceu para isso").
Por fim, na terceira parte, o poeta-homem encontra sua redenção ao salvar a transcendência humana: para além dessa aridez da alma e das cidades que constrói, mesmo sendo "ingrato" às vezes, é "filho da poesia". E a poesia faz a vida valer a pena.
PABLO MORENO


A BOLSA DA MINHA MÃE E OUTROS CONTOS
A bolsa da minha mãe sempre exerceu um fascínio sobre mim. Por uma incompreensão, no entanto, insuficiente de minha mãe dos intricados processos imaginativos de uma criança, o acesso a ela sempre me foi negado. O fato é que a bolsa ofuscava minha atenção, todas as vezes em que se apresentava a oportunidade de vasculhar o seu interior. Mas com uma pontualidade beirando à crueldade, minha mãe frustrava todas as minhas investidas nesse terreno que, em últimas instância, só a ela dizia respeito.
Romper essa barreira, pois, passou a constituir uma obsessão para mim; para ela, uma impertinência, impossível de ser tolerada num filho.
Mas eu não me dava por vencido.
Extraído do Conto A Bolsa da Minha Mãe.


FUGAZ IDADE POEMAS
Na luta entre o bem e o mal, o mal tende a prevalecer, pois, enquanto mal, leva uma vantagem sobre o bem: não é obrigado a observar as regras do jogo, afinal ele é o mal e, como todos sabem, o mal não tem escrúpulos.
O bem, no entanto, possui uma arma que o mal desconhece: o amor que não espera recompensa pelo que faz, diferente do mal que só age por cálculo. O amor muda o coração do homem e o leva a fazer coisas que a outros parecem loucura.
Por isso ainda lemos e escrevemos poesia. Poesia que muitos dizem não ter utilidade, quando, justamente por não ter utilidade, não podemos viver sem ela.
As brincadeiras infantis provam isso. São a evidência de que a gratuidade do amor é essencial à vida.
É o que ainda faz nos sentirmos humanos.


EXPRESSO INSTANTE
Júlio Perez, neste "expresso da poesia", procura refletir de forma lírica os mistérios e as perplexidades do mundo, sem se tornar de difícil compreensão ao leitor.
Na linguagem simples e objetiva do autor, nota-se um resgate dos ideais modernistas, desde Bandeira até os contemporâneos Gullar e Romano de Sant'Anna, passando pelo insubstituível João Cabral de Mello Neto.
A obra cumpre o papel de incitar a reflexão no leitor, através de um olhar inusitado sobre as coisas e um uso incomum da linguagem, como só os verdadeiros poetas sabem fazer.
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