Quando o sono não vem
a cama torna-se flagelo.
Enrolo-me nos lençóis
amarfanho-os demais
tanto
que a arrumadeira já deve ter percebido
a noite de insônia que passei.
Acordo com um acre odor nas mãos
– ácido no sangue
resíduo da transpiração.
Lavo-me desse cheiro
dessa noite
desse descanso (in)descansado
dessa noite de forçado
obrigado a esperar
o amanhecer.
Nada me atormenta.
Nem dinheiro
nem trabalho
nem mulher.
Apenas minha condição diante da vida.
Algo que vem de fingida
forma de se insinuar.
Uma boba inquietação
e pronto!
Lá se foi
mais uma noite
mal dormida.
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